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10/09/2025

A Sociedade Civil Brasileira e a Farsa da Democracia Participativa

Rubens Raffo Pinto

Porto Alegre, 29 janeiro 2025

Às vezes, sinto que vivemos em um teatro. Um teatro onde os governos federal, estaduais e municipais são os atores principais, e nós, sociedade civil, somos meros figurantes. Somos chamados para participar, para sermos ouvidos, mas no fim das contas, nossas vozes são abafadas por discursos vazios e promessas que nunca se concretizam.  

Quantas vezes já não fomos convidados para audiências públicas, conferências, reuniões e consultas? Quantas vezes nos disseram que nossas opiniões importam, que somos parte essencial do processo democrático? Mas, na prática, o que vemos é uma encenação. Uma encenação onde os governos posam como democratas diante da imprensa, mas, nos bastidores, a realidade é outra.  

A transparência é uma farsa. Nos apresentam números, gráficos e relatórios que, supostamente, comprovam a eficiência de suas gestões. Mas quando questionamos, quando exigimos acesso aos dados brutos, quando pedimos para participar de fato das decisões, somos ignorados, descredibilizados ou, pior, cooptados.  

Ah, a cooptação! Essa é uma das estratégias mais perversas. Eles identificam líderes comunitários, ativistas, pessoas que realmente lutam por mudanças, e tentam nos comprar com cargos, convites para eventos ou pequenas concessões. É uma tentativa de silenciar nossas críticas, de nos transformar em marionetes que repetem o discurso oficial. Mas nós sabemos que isso não passa de uma tentativa de demonstrar exatamente aquilo que eles não são: democráticos, transparentes e inclusivos.  

Enquanto isso, a sociedade civil segue lutando. Lutando por saúde, educação, moradia, transporte, segurança e tantos outros direitos básicos que deveriam ser garantidos. Seguimos organizando protestos, ocupações, campanhas e abaixo-assinados. Seguimos tentando fazer valer nossa voz, mesmo sabendo que, muitas vezes, ela será ignorada.  

Mas não desistimos. Porque acreditamos que a verdadeira democracia não é aquela que se mostra na TV, mas aquela que se constrói nas ruas, nas comunidades, nos espaços de luta e resistência. Acreditamos que, um dia, os governos vão entender que não podem mais nos tratar como meros espectadores; vão perceber que a sociedade civil não é um obstáculo, mas a força motriz de qualquer mudança real.  

Até lá, seguiremos desabafando, lutando e denunciando. Porque sabemos que, por trás da farsa, há uma sociedade que clama por justiça, por participação e por respeito.  

Com indignação, mas também com esperança,  

Rubens Raffo Pinto, ativista de luta contra a AIDS e o HIV, conselheiro de saúde do RS.

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Nota de pesar
03/09/25

A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS – RNP+ Brasil, consternada, lamenta a morte de Rubens Raffo Pinto, no início da noite desta quarta-feira, 03 de setembro de 2025.

O ativismo do policial civil aposentado, graduado em Ciências Contábeis, está nos primórdios do movimento social de pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) no Brasil. 

Da época que se comunicava por cartas, depois pelo bate-papo do UOL, e só depois por e-mail, Rubens está entre os fundadores da RNP+ em âmbito nacional – há 30 anos –, regional, estadual e local. 

À frente da RNP+ POA, instalou uma clínica dentária para pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Rubens foi dos primeiros “secretário nacional”, em dupla com o saudoso Alexandre Meyer, e representou a RNP+ em diversos espaços de incidência política e controle social das políticas públicas em HIV/aids com a mesma verdade e ética com que se guiou por toda sua vida.

Rubens deixa saudosos o marido Pedro, seus amigos e amigas, e familiares. A todes, nossos mais profundos sentimentos.

Rubens Raffo Pinto, presente!

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