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06/11/2016

EFEITOS COLATERAIS: Observada taxa de abandono da terapia com dolutegravir acima da esperada

Uma em cada sete pessoas interrompe tratamento por causa dos efeitos colaterais da droga

Por Michael Carter, aidsmap, 13 de outubro de 2016
(*) Traduzido e adaptado por J. Beloqui (GIV, ABIA, RNP+).

Pesquisadores do relatório neerlandês informam na edição online da revista AIDS que quase uma em cada sete pessoas em uma população clínica holandesa parou o tratamento com o dolutegravir – inibidor da integrase do HIV – por causa de efeitos colaterais. Aproximadamente 14% dos pacientes interromperam o tratamento com a droga por causa de problemas com sua tolerabilidade, taxa muito mais elevada do que a observada em ensaios clínicos. O dolutegravir teve uma chance duas vezes maior de interrupção se tomado em combinação com abacavir, mas os efeitos colaterais que levaram a uma mudança de tratamento não estiveram associados com abacavir.

“Em um contexto clínico da ‘vida real’ de uso do dolutegravir (DGV) em terapia antirretroviral (TAR), descobrimos que em geral o DGV foi muito bem tolerado pela maioria dos pacientes, mas foi suspenso numa taxa muito maior do que a registrada nos ensaios clínicos randomizados controlados”, comentam os autores.

O DGV é atualmente recomendado para a terapia de HIV de primeira linha. O medicamento está disponível em um comprimido em combinação com abacavir e lamivudina (Triumeq®) e como um medicamento de comprimido único 50mg (Tivicay®). Dolutegravir está aprovado para o tratamento de pessoas com HIV que nunca tomaram medicamentos antirretrovirais (sem experiência em TAR) e também para aqueles que já tomaram outro tratamento (experientes em tratamento).

Segura e tolerável
Em ensaios clínicos, o DGV teve um efeito anti-HIV potente e mostrou ser seguro e tolerável, com uma taxa de interrupção de 48 semanas de não mais do que 2 a 3%. No entanto, os médicos na Holanda observaram que seus pacientes interrompiam a terapia com o medicamento a taxa significativamente maior do que a observada em ensaios clínicos. Eles, portanto, realizaram um estudo para determinar a frequência, tempo e as razões para a interrupção da terapia contendo dolutegravir.

A população do estudo foi composta por 556 pessoas em Leiden e Amsterdã, que começaram a tomar dolutegravir entre 2014 e 2016. A idade média foi de 48 anos e 66% eram homens que fazem sexo com homens (HSH). Cerca de um quinto dos pacientes não tinham tratamento antirretroviral prévio. A combinação numa única pílula Triumeq® foi prescrita para 57% dos pacientes e, ao todo, 64% destes estavam tomando DGV em combinação com abacavir.

Um total de 85 pessoas (15%) deixaram de tomar o esquema com DGV. Para 76 dos pacientes (14%) os efeitos colaterais foram a razão principal. Os pacientes suspenderam a terapia numa mediana de 73 dias após o início; 95% interromperam dentro de um ano de começar seu esquema com dolutegravir.

Efeitos colaterais
As razões mais comuns para suspender o DGV foram distúrbios de insônia e sono (6%), queixas gastrointestinais (4%) e sintomas neuropsiquiátricos, tais como ansiedade, depressão e psicose (4%). Em quase todos os casos estes efeitos colaterais foram resolvidos depois da interrupção da terapia com o esquema contendo dolutegravir. Não foram relatados casos de falha viral.

Os pacientes foram aproximadamente duas vezes mais propensos a parar o tratamento se eles estivessem tomando dolutegavir em combinação com abacavir (Risco Relativo Ajustado (RRA) = 1,92%); IC 95%, 1,09-3,38; p = 0,01).

“Consideramos que pode haver uma interação entre os fármacos, levando a uma maior interrupção do tratamento”, escrevem os autores, acrescentando que ambos os medicamentos são metabolizados através de uma via hepática similar. Eles observam que “a aparente interação entre DGV e abacavir mediada por esta via de degradação comum não foi estudada”.

Em contraste, tomar dolutegravir em combinação com um inibidor de protease potencializado esteve associado com um risco menor de interrupção do tratamento (RRA = 0,20; IC de 95%, 0,05-0,86; p = 0,03).

Os autores indicam a necessidade de maiores estudos para determinar a taxa de interrupção do tratamento com dolutegravir devido a efeitos colaterais.

Referência: de Boer M et al. Intolerance of dolutegravir containing cART regimens in real life clinical practice. AIDS, online edition. DOI: 10.1097/QAD.0000000000001279 (2016).

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