Secretaria Nacional grava vídeo contextualizando discurso de candidato e pede reflexão às pessoas vivendo com HIV.
Desde antes do primeiro turno, as fotos de capa das páginas da RNP+Brasil, RNP+Amazonas e RNP+São Paulo no Facebook têm basicamente a mesma imagem que ilustra esta postagem. Era preciso que as pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) soubessem de um vídeo, trecho de entrevista de 2010 para o CQC, em que um Deputado Federal pelo Rio de Janeiro diz que na opinião dele, o Estado (o Brasil) não tinha de fornecer pelo SUS medicamentos às pessoas que pegaram HIV “na vadiagem”.
Como seria feita a distinção de quem “pegou HIV na vadiagem” e quem não pegou? Certamente, aquela categoria social já discriminada pelo candidato: homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres transexuais, usuárias e usuários de drogas e mulheres e homens trabalhadores sexuais, inicialmente, apenas para ficar nas populações-chave mais tradicionais. É claro que a versão nazitupiniquim logo condenaria mulheres, homens e jovens negros ao mesmo corredor da morte do desabastecimento de medicamentos essenciais para a manutenção da vida das pessoas que vivem com HIV e AIDS.
Como no segundo turno as posições são publicadas, verbalizadas e viram moldura para de foto de perfil nas redes sociais, o desconforto desta descoberta é instantâneo. Ainda que a Carta de Princípios da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS direcione a RNP+ Brasil a um apartidarismo, não é possível apenas fingir que não viu o vídeo. Seria como uma cigarra que, com raiva da formiga, votasse no inseticida.
Daí que em 15 de outubro, a partir de uma proposta bem diferente da videomaker Fernanda Fraiz, que legendou, musicou e editou solidariamente, os integrantes da Secretaria Nacional da RNP+Brasil, como condutores dos processos políticos, executivos e de informação e comunicação, gravaram vídeos em que contextualizam as declarações do então deputado, hoje candidato ao segundo turno das eleições presidenciais de 2018.
Para os integrantes da Secretaria Nacional, o candidato pode criar uma nova onda de crescimento da epidemia e condena as PVHA à morte se for revogada (anulada, extinta) a Lei nº 9.313/96 (estabelece a responsabilidade do Estado brasileiro fornecer os medicamentos necessários para o tratamento do HIV). Por isso, a Secretaria pede a todas as pessoas vivendo com HIV e AIDS que façam uma reflexão profunda sobre o voto que darão no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2018.
O vídeo abaixo circula desde a semana passada no WhatsApp e no Facebook. Fica aqui o registro.