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01/08/2016

Risco Zero: nenhuma transmissão de pessoas com carga viral indetectável é observada no estudo PARTNER

As chances de ser observada uma transmissão agora são ainda menores, mas mais dados são ainda necessários em homens gays, dizem pesquisadores

Traduzido/adaptado por Jorge A. Beloqui (GIV, ABIA, RNP+) de Gus Cairns, aidsmap, 19 de julho de 2016

O estudo PARTNER há dois anos foi manchete de jornal ao estabelecer que a chance de uma pessoa HIV-positiva com carga viral indetectável transmitir seu vírus era muito baixa e muito possivelmente zero. Novos dados divulgados na 21ª Conferência Internacional de AIDS (#AIDS2016), em Durban, refinaram ainda mais essa estimativa.

Em 2014, o estudo não encontrou transmissão alguma do HIV entre 767 casais sorodiferentes, quando o parceiro HIV-positivo tinha uma carga viral inferior a 200 cópias/ml. O número de relações sexuais sem preservativo entre eles foi estimado em 44.400.

A última estimativa inclui 888 casais, 38% deles formados por homossexuais masculinos, que foram acompanhados por 1.238 casal-ano completamente (1,6 anos por casal em média), o que abrangeu um número estimado de 58.213 atos sexuais – 31% a mais que em 2014.

O estudo envolve 75 clínicas em 14 países europeus. Os exames de sangue e dados comportamentais são coletados em um período de cada quatro a seis meses. Para ser elegíveis para o estudo, durante cada período de 4-6 meses, o casal tem de informar o sexo sem preservativo com o outro, sem o uso de PEP ou PrEP, pelo menos uma vez durante este tempo, e o parceiro soropositivo tem de manter uma carga viral abaixo de 200 cópias/ml. Apenas 55 dos 888 parceiros HIV-positivos (6,2%) relataram uma carga viral detectável em algum ponto no estudo.

A carga viral auto-informada tendia a subestimar a supressão viral: 6% dos homens homossexuais, 13% dos homens heterossexuais e 16% das mulheres pensavam ter carga viral detectável ou não a conheciam quando era, de fato, indetectável.

Zero transmissão
A falta de transmissões, obviamente, significa que a menor estimativa da probabilidade de um parceiro soropositivo indetectável transmitir o HIV é zero. Mas, quanto mais tempo e maior número de atos sexuais forem incluídos, a estimativa superior da probabilidade de transmissão cai, simplesmente porque a precisão da estimativa aumenta – o quadro retratado pelos dados fica menos confuso, por assim dizer.

Assim, em 2014 a estimativa superior da probabilidade de transmissão entre casais através de qualquer relação sexual foi de 0,5%; os novos dados restringem o “limite superior do intervalo de confiança” a 0,3%. Mas é importante ter em mente que, como disse a pesquisadora Alison Rodger, que zero transmissões significa que “a taxa estimada de transmissão é zero”.

Analogamente, a estimativa superior da probabilidade de transmissão por via sexual anal se reduz de 1,0% para 0,71% ao ano em todos os casais e 0,89% em homens homossexuais (aliás, os heterossexuais contribuíram com 20% das 522 casais-hora de sexo anal no estudo). E isto não significa que a transmissão por sexo anal seja mais provável em homens homossexuais do que em homens heterossexuais: é simplesmente que, à medida em que o número de casais-ano que fornecem dados fica menor, o quadro estatístico fica mais confuso.

Analogamente, o limite superior para a estimativa para a transmissão através de sexo anal, quando o parceiro negativo era o homem em casais heterossexuais e do parceiro insertivo em casais homossexuais foi de 0,88% em todos os casais e de 1% em casais homossexuais.

Houve 11 novas infecções pelo HIV nos parceiros HIV-negativos durante o estudo: dez em homens gays e um em heterossexuais. Mas o sequenciamento genético mostrou que em todos os casos, o vírus adquirido pelo parceiro HIV-negativo foi bem diferente do vírus do seu parceiro – em dois casos, era um subtipo do HIV completamente diferente. Oito das onze pessoas que foram infectadas relataram que tinham tido sexo sem preservativo recentemente com alguém fora da relação principal.

O maior número de infecções em homens gays não constitui surpresa alguma; 33% deles relataram sexo sem preservativo com pessoas fora do relacionamento versus 4% dos heterossexuais, e 17,5% dos homens homossexuais foram diagnosticados com uma IST (infecção de transmissão sexual) aguda no último período informado em comparação com 6% dos heterossexuais.

“Com base nestes dados”, a apresentadora Alison Rodger do Hospital Royal Free de Londres, comentou: “Nós podemos dizer com segurança razoável que a chance de transmissão de uma pessoa HIV-positiva com supressão viral durante o sexo heterossexual é insignificante”. “No entanto”, acrescentou, “nós precisamos recolher mais dados sobre os homossexuais antes de afirmar isto com igual grau de certeza”.

O estudo PARTNER continuará até 2017 e os dados finais serão apresentados em 2018; a menos que uma transmissão inesperada venha a acontecer, isso deve reduzir ainda mais a nossa incerteza sobre as verdadeiras possibilidades de transmissão por alguém com uma carga viral indetectável.

Referência
Rodger A. Associação entre a atividade sexual sem preservativo e o risco de transmissão do HIV em casais sorodiferentes quando o parceiro HIV-positivo está usando a terapia antirretroviral supressiva: o estudo PARTNER. AIDS2016, Durban, África do Sul. TUAC0206 abstract.

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