Um câncer nos rins e uma metástase no cérebro levou, às 4h50 da madrugada deste 29 de novembro, o ativista José Hélio Costalunga de Freitas.
Membro da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+BRASIL) desde os primórdios desta rede, nos últimos quatro anos Zé Hélio esteve à frente da Secretaria Nacional Executiva. Antes representou a RNP+BRASIL na Comissão Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais (CNAIDS) e na Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS), ambas assessoras do extinto Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. No último encontro nacional, em São Paulo, foi eleito para retornar à CNAIDS.
Há pouco mais de um ano, Zé começou a reclamar de tonturas e perda de eixo. Foi diagnosticado com labirintite. Neste ano, assim que soube de seu câncer, aproveitou uma visita a Porto Alegre do atual diretor do Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, para dizer-lhe que era preciso pesquisar mais sobre a relação entre câncer e aids. Era um ativista antes de qualquer coisa.
Mesmo fora das representações que ocupou, assistia pela internet a todas as reuniões da CNAIDS, da CAMS e do Conselho Nacional de Saúde. Pelo WhatsApp, se necessário dava uma ou outra orientação às representações da RNP+ nestes espaços. Era um cidadão.
Capacitado para as representações que atuou, Zé não deixava de ler nada que se referisse à aids. Se não tivesse informação, calava-se. Racional e contemporizador, foi o fiel da balança, o equilíbrio da Secretaria Nacional de 2015 a 2019. Era um grande ser humano.
Na última vez que falou com um de seus companheiros de Secretaria Nacional, disse que estava preparado para a passagem que faria em breve. E que estava tranquilo. Nós aqui estamos em lágrimas, Zé. Você certamente será um ativista no outro plano.
Beijos no bate-bate, guri.