Desde a campanha eleitoral que esta Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+BRASIL) vem alertando para a ameaça que representa o atual governo federal à Política de AIDS no País.
A RNP+BRASIL se posicionou contra a extinção do Departamento de Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais e seu consequente rebaixamento institucional a apenas mais uma coordenação do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Mais recentemente, a RNP+BRASIL questionou o Ministério da Saúde sobre a campanha de incentivo ao uso de preservativos porque trazia conceitos morais ao invés de embasar-se na ciência, além de incentivar o uso de um insumo cuja dispensação aos estados não corresponde ao solicitado desde agosto de 2018.
Já era esperado um retrocesso do discurso para a tradicional campanha do Ministério para o Dia Mundial de luta contra a AIDS. O governo federal superou-se ao estabelecer o diálogo pelo medo e culpabilização do indivíduo para incentivar jovens a fazerem o teste de HIV. Estima que 135 mil pessoas tenham o HIV mas não sabem porque o fundamentalismo conservador governamental censura materiais informativos e proíbe que se fale de educação sexual e prevenção de doenças nas escolas.
As cerca de 11 mil mortes por aids em 2018 provam que a AIDS existe e que é um problema social e de saúde pública. As 40 mil novas infecções por HIV notificadas em 2018 evidenciam que o jovem necessita de ações efetivas continuadas para aderir à prevenção oficial, que precisa inovar, não retroceder.
O governo quer investir em Centros de Testagem e Aconselhamento para incentivar o diagnóstico mas deixa pessoas vivendo com HIV e AIDS em tratamento sem profissionais de saúde acolhedores e humanizados, sem estrutura física e sem equipamentos adequados, resultando em quase 200 mil pessoas com HIV sem tratamento, abandonadas pelos milhares de diferentes SUS pelo País.
Para finalizar o primeiro ano, com uma intervenção positivista e ideológica o governo federal pinta de verde-amarelo o laço vermelho de solidariedade à luta contra a AIDS em suas peças publicitárias, o que claramente simboliza todos os atos governamentais neste ano, que tentam apagar a história de luta contra a AIDS no Brasil.
Não é possível apagar a histórica resposta brasileira à epidemia de AIDS. A AIDS existe. Não apague a Política brasileira de AIDS. Não vamos permitir.
Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, 1º de Dezembro de 2019.